O escritor José Pinto Coelho vence o prémio LeYa 2017


O prémio Leya de 2017 foi atribuído, a João Pinto Coelho pelo livro «Os loucos da rua Mazur». «É um romance bem estruturado, bem escrito, que capta a atenção do leitor, quer pelo tema quer pela construção em tempos paralelos, um no passado imediatamente anterior à 2ª guerra mundial e no início desta, e o outro no mundo actual. Não cede ao facilitismo do romance histórico, embora a História seja parte da acção e nos apresente uma visão inédita da tragédia resultante das invasões russa e nazi da Polónia.
O júri apreciou particularmente, as qualidades de efabulação e verosimilhança em episódios de violência brutal com motivações ideológico-políticas e étnico-religiosas, emergindo do fundo de uma convivência comunitária multisecular.
De igual modo, o júri valorizou a criação de personagens com densa singularidade existencial (no triângulo perturbador de amizade e conflito amoroso dos protagonistas), tal como de figuras secundárias com valor simbólico. De salientar a força humana de um protagonista, o velho livreiro cego, que irá ficar como figura inesquecível da nossa ficção mais recente.
Com características únicas pela sua especificidade e valor (100 mil euros), o Prémio LeYa foi criado em 2008 com o objectivo de distinguir um romance inédito escrito em português.
Foram já distinguidos os romances “O Rasto do Jaguar”, de Murilo Carvalho (2008), “O Olho de Hertzog”, de João Paulo Borges Coelho (2009), “O Teu Rosto Será o Ultimo”, de João Ricardo Pedro (2011), “Debaixo de Algum Céu”, de Nuno Camarneiro (2012), “Uma Outra Voz”, de Gabriela Ruivo Trindade (2013), “O Meu Irmão”, de Afonso Reis Cabral (2014) “O Coro dos Defuntos”, de António Tavares (2015).
Nas edições de 2010 e 2016 o júri entendeu não atribuir o prémio.
Romances finalistas do Prémio LeYa 2017 e respectivos pseudónimos:
A Febre das Almas Sensíveis, Luiz Camilo
Faz Frio Neste Lado da Noite, O Sétimo Selo
O Testamento de José de Nazaré, Navija
Os Loucos da Rua Mazur, Mar Navarro (vencedor)
Parem todos os relógios, Vicente Machado
O júri recomenda ainda a edição de «O Testamento de José de Nazaré», de Ivan José de Azevedo Fontes. O livro traz à cena um personagem obscuro na tradição cristã, pela sua própria voz. Apresenta um José trabalhador, insubmisso e solidário, dividido entre o seu inconformismo e o seu amor por Maria e pela família, entre a paz e a revolta. A simplicidade de linguagem traduz uma refinada estratégia no processo de construção narrativa.
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