Nobel da Literatura 2017 para Kazuo Ishiguro


A Academia Sueca distinguiu o escritor inglês, que se tornou globalmente conhecido com Os Despojos do Dia, pela "força emocional" dos seus romances.

O Nobel da Literatura de 2017 foi atribuído ao escritor inglês Kazuo Ishiguro e aos seus "romances de grande força emocional, que revelam o abismo da nossa ilusória sensação de conforto em relação ao mundo", anunciou esta manhã em Estocolmo a secretária permanente da Academia Sueca Sara Danius.
Ishiguro é o celebrado autor de Os Despojos do Dia (1989), um romance onde são bem visíveis os seus temas de eleição, "a memória, o tempo e a auto-ilusão", como escreve a Academia Sueca Escreveu também Os Inconsolados (1995, vencedor do Cheltenham Prize), Quando Éramos Órfãos (2000, nomeado para o Booker Prize e para o Whitbread Prize), Nunca me Deixes (2005, nomeado para o Booker Prize; adaptado ao cinema), Nocturnos (2009) e O Gigante Enterrado (2015), publicados em Portugal pela Gradiva. O seu primeiro romance, As Colinas de Nagasaki, foi traduzido em 1989 pela Relógio D'Água.
Natural de Nagasáqui, no Japão, onde nasceu em 1954, Ishiguro mudou-se com a família para o Reino Unido quando tinha cinco anos. Licenciou-se pela Universidade de Kent em 1978 e obteve um mestrado em escrita criativa pela Universidade de East Anglia em 1980.
Desde o seu primeiro romance, As Colinas de Nagasaki, (1982), que Kazuo Ishiguro "tem sido um escritor a tempo inteiro", sublinha a Academia Sueca; tal como a sua segunda obra, Um Artista do Mundo Transitório (1986), editada em Portugal pela Livro Aberto, o romance passa-se na cidade japonesa onde o escritor nasceu, alguns anos depois da Segunda Guerra Mundial e do bombardeamento atómico pelos EUA.
A escrita de Ishiguro “é marcada por uma expressão cuidadosamente contida, independentemente dos acontecimentos que retrata”. A sua ficção mais recente contém temas fantásticos, como o distópico Nunca Me Deixes (2005), onde se interroga sobre o que aconteceria se em vez de uma era nuclear vivêssemos um tempo marcado pelas descobertas da biotecnologia como a clonagem. Aqui, diz a Academia, “introduz uma fria corrente subjacente de ficção científica no seu trabalho”, explorando, ao mesmo tempo referências musicais, visíveis em vários outros trabalhos de ficção, como se pode ver na colecção de contos Nocturnos (2009), “onde a música tem um papel fundamental para retratar as relações dos personagens”.



https://www.publico.pt/2017/10/05/culturaipsilon/noticia/nobel-da-literatura-para-1787807