Jorge Listopad dramaturgo, escritor e ensaísta

Jorge Listopad nasceu em 26 de novembro de 1921, em Praga, na República Checa.
Listopad era doutor em Filosofia pela Universidade Carolinum (Praga), estando há várias décadas radicado em Portugal. 
Depois da guerra, fundou com colegas o jornal Mladá Fronta que ainda hoje se publica em Praga.
Encenou cerca de 60 peças e óperas na Checoslováquia, França, Alemanha, Suíça e Portugal. Colaborador da ORTF (Paris) e da RTP, realizou algumas centenas de programas dramáticos, sociológicos e antropológicos. Foi também autor de cerca de 40 livros de prosa, poesia e ensaio, escritos em português, checo, francês, sueco, italiano, lituano e servo-croata.
Pertenceu à resistência e obteve pelos serviços prestados à causa da liberdade a Medalha do Presidente Tito.
Foi membro da Associação Portuguesa de Escritores, do Pen-Club Internacional, da Sociedade Portuguesa de Autores e da Associação Internacional de Críticos de Teatro.
Em Paris, onde permaneceu durante dez anos, escreveu no Parallele 50 ao mesmo tempo que trabalhava na Televisão Francesa. Na capital francesa conheceu pessoalmente Aragon, Beckett, Camus, Céline, Cocteau, Ionesco, Malraux, Marcel Marceau, Marguerite Duras, Mitterrand, Romain Rolland, Sartre, Tristan Tzara, entre outros. Em 1958, deixou de trabalhar para a ORTF e passou a residir em Portugal.
Funda a RTP Porto e entra para os quadros da RTP como realizador de televisão. No Porto, volta a encontrar-se com a intelectualidade portuense, Agustina Bessa-Luís, Ângelo de Sousa, António-Pedro Vasconcelos, Fernando Echevarría, Eugénio de Andrade, Marcela Torres, Óscar Lopes, Sophia de Mello Breyner Andresen, etc.
A convite do antropólogo Jorge Dias, Jorge Listopad vai para Lisboa lecionar Antropologia do Quotidiano no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Foi director da Sala Experimental do Teatro Nacional D. Maria II e Vogal da Comissão Consultiva do mesmo teatro, de 1983 a 1986.
Em 1981, criou o Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa e dirigiu-o até 2008.
Foi Presidente da Comissão Instaladora da Escola Superior de Teatro e Cinema. Foi membro da Comissão Cultural da Universidade Técnica de Lisboa.
Colaborou nos principais jornais portugueses e checos, nomeadamente O Comércio do Porto, Diário de Notícias, Diário de Lisboa e Expresso, mantendo, à data da sua morte, as rubricas “Segunda Via” e “Coelhinho” no Jornal de Letras, Artes e Ideias.
Jorge Listopad morreu a 1 de outubro de 2017, em Lisboa, aos 95 anos de idade.
Distinções

Em Portugal, como encenador, quatro Prémios da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.
Jorge Listopad recebeu o Prémio Bordalo (1969), ou Prémio da Imprensa, como encenador na categoria "Teatro", pela peça A Dança da Morte, partilhado com o encenador Norberto Barroca (Fando e Lis).
Como encenador da peça O Fim, partilhou o Prémio Bordalo (1971), ou Prémio da Imprensa, entregue pela Casa da Imprensa em 1972, na categoria "Teatro", com o encenador Carlos Avilez (Ivone, Princesa da Borgonha). Nesta categoria foram também distinguidos os actores Manuela de Freitas, Glória de Matos, Rui de Carvalho, António Montez e Maria Vitória (Revelação) e o cenógrafo Rui Mesquita.
Em 2015, foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, a 8 de janeiro.
Fora de Portugal, Listopad foi distinguido com:
Medalha Militar Checoslovaca da Resistência (1945)
Nomeado Companheiro do Marechal Tito (1946)
Prémio da Academia de Artes e Ciências de Praga, pelo conjunto da sua obra
1.º Prémio do Conselho Cultural de Estocolmo (1952)
1.º Prémio da Rádio Europa Livre de Poesia (1954)
Prémio Academia Cristã em Roma pelo ensaio Tristão ou a Traição de um Intelectual, com versão portuguesa de Eugénio de Andrade
Prémio Itália (1977)
Medalha de Ouro do Prémio Europeu Franz Kafka (2000)
Medalha de Mérito Nacional da República Checa (2001)
Prémio Gratias Agit (Praga, 2004)
Man of the Year pelo International Biographical Centre (2005)
Prémio Jaroslav Seifert (Praga, 2007)
Doutor honoris causa pela Universidade de Brno (República Checa, 1992) e pela Universidade Carolina (Praga, 2002)

Obra

Tristão ou a Traição de um Intelectual (Porto, Sousa e Almeida, 1960)
Secos e Molhados (Lisboa,Numar Edições, 1982)
Primeiro Testamento (Lisboa,Edições Rolim, 1985)
''Os Ausentes: Peça em Dois Actos com Luz Franco (Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1986)
Mar Seco, Gelado Quente: São 21 de Repente (Lisboa, Ed. "O Jornal", 1986)
Álbum de Família, 1988
Outubro-Oriente=October-Orientee, 1992
Biografia de Cristal (Lisboa, Relógio d'água, 1992)
Fruta Tocada por Falta de Jardineiro (Vila Nova de Famalicão, Quasi, impr. 2003)
Todos prá Mesa, 2006
Deslizamento (Porto, QuidNovi, 2009)

Teatro

A Dança da Morte(1969)
O Fim (1971)
Meu Tio Jaguar (2012)
A Instalação do Medo (2014)